Antes de mais, Kamran Shirdel. Os participantes do festival tiveram, finalmente, ao ínicio da tarde do dia 18 de Novembro de 2007, o terceiro dia do evento, a oportunidade de contar com um contributo mais formalizado do cineasta iraniano que nos vem acompanhando desde o começo, sendo desta forma contemplado com uma valiosa projecção de quatro dos seus filmes, três deles julgados perdidos durante cerca de trinta anos, e recentemente recuperados. Foi notável verificar que nos documentários de índole política de Shirdel perdurou no celulóide do negativo um único sentimento, a compaixão. Kamran, Homem monumental do Cinema não esquece as raízes, nem mesmo as do Cinema, homenageando e fazendo durar os ensinamentos de Rossellini, Antonioni, Fellini, Pasolini e, pasme-se, John Huston. Não é de admirar o que o fez despertar - «Acossado» de J.L. Godard, mas acima de tudo o Irão, seu país e, concerteza, seu tesouro.
COMPETIÇÃO 4
Na quarta projecção competitiva do FIKE são de realçar, a posteriori, três curtas-metragens, as mais significativas.
Dear Carlos Alberto da realizadora portuguesa Aurora Ribeiro, uma produção da Escola de Teatro e Cinema de Lisboa, aproxima de uma consolidação a nova imagem recorrente que o cinema de curta-metragem nacional parece apresentar; ou seja, uma tendência legitima de representar na tela a iconografia de uma nova geração, com hábitos, costumes e, acima de tudo, uma forma de pensar o cinema de forma distinta da última geração de cineastas, desde as décadas de sessenta e setenta e de outras cinematografias, a norte-americana em particular.
Do frio da Suécia A Little Tiger projecta-se na alvura da neve através de uma luz fortíssima. Mesmo que no calor da narrativa Anna Carin Anderson, realizadora, nos exponha uma relação homosexual, o destino de Simon em, por descuido, assassinar todos os cães da vizinhança, ou o micro-romance deste com a sua jovem vizinha, este conto nórdico contém o sentimento e mantém-se branco, sempre branco, e com uma expressão congelada.
Para Even if She Had Been a Criminal poucas palavras. Muita coragem na homenagem. Um documentário de Périot Jean-Gabriel.
COMPETIÇÃO 5
É de referir a curiosa referência em duas curtas-metragens a dois filmes famosos da História do Cinema. Por um lado For Interieur de Patrick Poubel e a voz de Jean Seberg libertada de uma lata, por outro, o diálogo entre Ingrid Bergman e o famoso pianista de Casablanca em The Sound of the Wave, produção grega do realizador Antonis Samourakis.
Enquanto que o primeiro prefaz uma aproximação ao cinema do fantástico e do imaginário, o segundo reclama uma narrativa surrealista e extremamente onírica que tanto permite uma velha senhora transformar-se numa diva poderosa como um banal merceiro acabar, por fim, a tomar um banho de mar com o seu amor improvável. Não, impossível.
Já Sister transformou o primeiro andar de um autocarro rural do Norte do Reino Unido numa redoma preenchida com uma luz nunca antes vista em tal local. Uma ficção de Daniel Mulloy.
The Sound of the Wave e Sister, duas belas projecções em 35mm.
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At first, Kamran Shirdel. The festival participants had, finally, in the afternoon of 2007, November 18th, the third day of the event, the opportunity of a formalized contribution from the Iranian director that have been making us company since the very start. Four of his movies were shown, three of them thought lost for thirty years and recently recovered. It was wonderful to see in Shirdel politic oriented documentaries that a single emotion had last for a long time in the negative celluloid’s, compassion. Kamran, monumental Man from the Cinema do not forget his roots, neither the cinematographic ones, making endure the teachings of Rossellini, Antonioni, Fellini, Pasolini and, behold!, John Huston. It is not to be surprised by what did wake him up - «Breathless» by J.L. Godard, but in top of all, Iran, his country and, bets be made, his treasure.
COMPETITION 4
Dear Carlos Alberto by the Portuguese director Aurora Ribeiro, a production from The Theater and Cinema Lisbon School, closes to a consolidation the new image that national short films seems to present; it’s a legitimate tendency to represent in the screen an iconography of a new generation, with habits, costumes and, most of all, a new way of thinking cinema in a distinct form, comparative to the last generation of filmmakers, since the decades of sixties and seventies, and north American films, in particular.
From the cold Sweden the film Little Tiger, projected in the whiteness of the snow through a strong light. Even if in the heat of the narrative Anna Carin Anderon (director), exposes a homosexual relationship, the Simon destination, that for incautiousness, assassinate all the dogs of the neighborhood, or the micron-romance of the little boy and his young neighbor, this Nordic story contains the feeling and remained white, always white, and with a frozen expression.
For Even if She Had Been a Criminal few words. A brave tribute by Périot Jean-Gabriel.
COMPETITION 5
It’s curious to relate the references in two short films with two famous films of the History of the Cinema. In one side For Interieur by Patrick Poubel and the voice of Jean Seberg freed of a can, in other one, the dialogue between Ingrid Bergman and the famous pianist of Casablanca in The Sound of The Wave, Greek production by Antonis Samourakis.
While that first represents an approach to the fantastic cinema and the imaginary, the second complains a surrealist narrative that as much allows an old lady to becomes a powerful diva as a shop seller ends, at last, taking a bath in the sea with his impossible love.
Sister transformed the first floor of a bus in the North of the United Kingdom in one prison filled with a light never seen in such place. A fiction by Daniel Mulloy.
The Sound of the Wave and Sister, two beautiful projections in 35mm.